7 de março de 2008

mulheres vermelhas

Sabe aquela história das maçãs do topo? É uma que versa a respeito das melhores mulheres, comparando-as aos frutos que estão no topo das macieiras que, por sua vez, são os mais saborosos, mais vermelhos e blábláblá. Por estarem tão acima das outras e, por esse mesmo motivo, serem as mais difíceis de alcançar, as pobres maçãzinhas ficam lá em cima se perguntando que diabos poderia estar errado com elas, já que ninguém as colhe. E o batalhão de mulheres-maravilha se pergunta o mesmo, já que ninguém as come. Penso eu que, na demora do atrevido apanhador que Machado de Assis propõe, as frutas terminarão apodrecendo, caindo no chão e - adivinha? – virando adubo. O que me traz a uma conclusão óbvia: ser maçã do topo é uma tremenda roubada, menina. As melhores ficam chupando o dedo. E só o dedo, entenda bem. Sua inteligência é tão expoente, sua beleza tão desconcertante e sua trepada, tão sacana. Possui presença de espírito, uma carreira legal e IMC 20. Você é tão boa, mas tão boa que casar com você é quase inevitável. Mas não é inadiável, por isso espere, pois apesar de ele não confessar isso nem sob tortura chinesa, só deseja reencontrá-la dentro de alguns anos, uma vez que precisa se preparar para ter tal prodígio ao seu lado. Não, garotas, aquela lorota do “boa demais para mim” jamais é dita a uma vermelha legítima. No caso de ser verdade, homem algum admitiria uma coisa dessas. Essa é a desculpa que as caídas recebem. Pura compaixão. Com vocês, vermelhas, é competição. Casamento é o menor dos problemas das moradoras de copa de árvore. O pior acontece quando o cavaleiro andante sente-se de tal forma intimidado que, quando finalmente vão para a cama, o cara fica tão nervoso que termina se encolhendo ante tal magnitude. Atenção, garotas, ser maçã do topo não é negócio! Guardem seus poderosos predicados para algumas poucas (e boas) amigas. Homens admiram mulheres espertas, é verdade. As maçãs do topo são solenemente reverenciadas. Mas é como naquela fábula que narra uma conversa entre a rosa e a couve-flor: de que adianta ser linda e cheirosa se ninguém te come? O preço que se paga às vezes é alto demais, Humberto canta pra mim enquanto reflito sobre o que seria necessário para ser uma frutinha qualquer. Daquelas que qualquer um consegue coligir, morder, fazer torta. A serpente apóia a iniciativa: quanto mais maçãs mordidas, melhor. Por que motivo preocupar-se com o fato de elas estarem ao alcance de todos, desde que não seja preciso fazer o esforço de escalar, correr o risco de cair? Ah, a queda. A velocidade terrível da queda. O verdadeiro pesadelo do apanhador covarde, que de lobo nada tem. Melhor juntar estas aqui do chão, não é mesmo, rapazes? Algumas, pisoteadas. Outras, provadas e deixadas para trás por não serem doces. As que têm partes podres, é só cortar um pedaço que o resto se aproveita. Na hora da geléia, vai tudo pro mesmo tacho. Meninas, esqueçam tudo o que eu falei. Melhor esperar alguém que chegue aqui em cima.

2 Comentários
Paulinha disse...

Primaaaa....cada vez melhor hein!!! Daqui a pouco estarei lendo tua coluna na ZH!!!
Simplesmente ameeeei essa das mulheres vermelhas!!! Aproveitando o ensejo, Parabéns pelo dia d hj!!!
Um grande beijo pra ti, VERMELHA!!!rsrsrs

Elenita Rodrigues disse...

hahaha... adorei o seu post e amei o seu blog!

beijocas

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