18 de fevereiro de 2010

festas da vida

Começa com o batizado. Você nem aí, só se manifestou porque jogaram água fria na sua cabeça - e, ironia, a festa era toda sua. OK, pode dormir, nos veremos nos aniversários com bolo e guaraná, muito doce pra você. Depois, nas quermesses escolares onde o vestiremos de caipira e pintaremos seus dentes com cajal preto.Nas festinhas de garagem, tum-tum, tum-tum, tum-tum. Meninos acuados de um lado, meninas aterrorizadas de outro. Love hurts, e o sofrimento desse ritual macabro de iniciação só vai passar quando você já estiver sentindo saudades do frio na barriga. Mas ainda falta algum tempo. As rosadas festas de quinze anos virão antes, com seus vestidos longos, gravatas divertidas e uma sensação iniciática de estar deixando de ser criança. Na verdade, aos quinze temos a firme certeza de já sermos adultos. O que nessa idade ainda ignoramos é que à medida que o tempo passa, vai ficando cada vez mais claro de que jamais deixaremos a infância e que esse negócio de crescer é uma tremenda enrolação: não acontece nunca.
Antes que você perceba, estará imundo e feliz. No período que acontece entre o banho de tintas do vestibular e a formatura, vem minha parte favorita. Baladas, saraus, botecos, jantares, gafieiras, micaretas e suas gentes bonitas, interessantes, divertidas, gente sóbria, gente ousada. Festejos para somente dois convidados. Festa estranha com gente esquisita. Passar o sábado à noite estudando também é uma chance de ver gente que se parece com você, desde que em grupos de estudos, preferencialmente mistos. É na mistura que acontece a graça, e fica ainda mais engraçado se alguém levar um Malbec.
Os sabores, aromas e texturas dos lugares só ganham sentido se somados às pessoas: viscerais, superficiais ou sensatas. Estão todos festejando, e quem não viu nada, perdeu. Quem viu, vai a despedidas de solteiro, chás de panela e, novidade, chás de lingerie. Casamento é coisa rara mas, caso você tenha decidido ficar na turma dos tradicionais, terá chance de testemunhar um tipo em extinção de festa, porque os noivados já eram - seus netos ainda vão lhe perguntar do que se trata.
Tão logo se acabem os chás de bebê, é chegada sua vez de retribuir o que lhe foi dado na tenra idade: lá vamos nós para os batizados. Desta vez, acordados. Era uma vez, nós lambuzados de brigadeiro e brincando de dança da cadeira. Agora corremos atrás das crianças, na tentativa de impedi-las de engolir a bala soft - quem diabos teve a ideia de servir bala soft em festa de criança?
Vovós (sim, suas amigas) farão oitenta anos em grande estilo e, com sorte, veremos algumas bodas. Que venham os velórios. Santé!

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